Eu tomava uma xícara de café debruçada na janela, vendo as luzes da cidade se acenderem uma atrás das outras, prédio por prédio, casa por casa, carro por carro. Ele estava no sofá mudando os canais da tevê como quem não se prende a nada. Eu lhe falava das luzes que estavam acendendo, de como era bonito e melancólico aquele laranja que vai se dispersando com o fim do dia, dando vagarosamente espaço à noite. Até que tudo foi ficando tão escuro e o café tão frio, e não reconheci mais aquele homem na sala, nem aquela cidade e caminhei perdida até um espelho: eu também já não me reconhecia.
Chega um dia em que perdemos a nossa identidade, tudo que nossos pais nos ensinaram, tudo que antes julgávamos importante, todo o nosso narcisismo, nossa vã inteligência, nosso egocentrismo, religiosidade ou falta de crença, nossos sonhos de criança, nossas bestialidades adolescentes.
Você até pensa que está sentindo medo, mas não é medo. Depois você percebe que foi apenas uma turbulência, por que você acabou de começar a voar e não vai adiantar nenhum tipo de desespero. O que vai te levar ao abismo ou ao céu vai ser aquilo que você vai decidir no início do vôo: a firmeza ou a insegurança. E depois não há mais volta.
Esteja atento, não há nenhum aviso prévio, nenhum sintoma antecedente. Quase nem vai lembrar de muitas coisas, apenas da última vez que esteve sobre a plataforma, da última vez que sugou o ar, da última luz que acendia na cidade. Sempre será assim, fazemos as coisas de forma diferente, quando as fazemos a última vez.
Há apenas um dia decisivo em toda nossa vida: aquele em que optamos por nosso futuro. É o dia do vôo. Tudo que vivermos depois da escolha e do salto, será nossa vida inteira."
"a luta terminou".
"a verdade está liquidada".
"mesmo que ainda se conheça a verdade,
ela não pode mais ser divulgada".
Pablo Neruda
É proibido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo de suas lembranças.
É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,
Não transformar sonhos em realidade.
É proibido não demonstrar amor
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.
É proibido deixar os amigos
Não tentar compreender o que viveram juntos
Chamá-los somente quando necessita deles.
É proibido não ser você mesmo diante das pessoas,
Fingir que elas não te importam,
Ser gentil só para que se lembrem de você,
Esquecer aqueles que gostam de você.
É proibido não fazer as coisas por si mesmo,
Não crer em Deus e fazer seu destino,
Ter medo da vida e de seus compromissos,
Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.
É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,
desencontraram,Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.
É proibido não tentar compreender as pessoas,
Pensar que as vidas deles valem mais que a sua,
Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.
É proibido não criar sua história,
Deixar de dar graças a Deus por sua vida,
Não ter um momento para quem necessita de você,
Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.
É proibido não buscar a felicidade,
Não viver sua vida com uma atitude positiva,
Não pensar que podemos ser melhores,
Não sentir que sem você este mundo não seria igual.
É Proibido
É proibido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo de suas lembranças.
É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,
Não transformar sonhos em realidade.
É proibido não demonstrar amor
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.
É proibido deixar os amigos
Não tentar compreender o que viveram juntos
Chamá-los somente quando necessita deles.
É proibido não ser você mesmo diante das pessoas,
Fingir que elas não te importam,
Ser gentil só para que se lembrem de você,
Esquecer aqueles que gostam de você.
É proibido não fazer as coisas por si mesmo,
Não crer em Deus e fazer seu destino,
Ter medo da vida e de seus compromissos,
Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.
É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,
Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos sedesencontraram,
Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.
É proibido não tentar compreender as pessoas,
Pensar que as vidas deles valem mais que a sua,
Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.
É proibido não criar sua história,
Deixar de dar graças a Deus por sua vida,
Não ter um momento para quem necessita de você,
Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.
É proibido não buscar a felicidade,
Não viver sua vida com uma atitude positiva,
Não pensar que podemos ser melhores,
Não sentir que sem você este mundo não seria igual.
És um pranto do avesso,
És um anjo in verso,
Em presença e peso,
Atrevo-me e atravesso
Pra perto do peito teu
Teu sagrado e tua besteira,
Teu cuidado e tua maneira de discordar dador,
De descobrir abrigo entre tanto amor,
Entretanto a dúvida,
A musica que casou,
Um certo surto que não veio
Há uma alma em mim,
Há uma calma que não condiz
Com a nossa pressa
Com o resta que nos resta
Lamentavelmente eu sou assim
Um tanto disperso
As vezes desapareço
Pois depois recomeço
Mas antes me esqueço
Nossa sina é se ensinar
A sina nossa é. "
Veio de manha molhar os pés na primeira onda
Abriu os braços devagar... e se entregou ao vento
O sol veio avisar... que de noite ele seria a lua,
Pra poder iluminar... Ana, o céu e o mar
Sol e vento, dia de casamento
Vento e sol, luz apagada num farol
Sol e chuva, casamento de viúva
Chuva e sol, casamento de espanhol
Ana aproveitava os carinhos do mundo
Os quatro elementos de tudo
Deitada diante do mar
Que apaixonado entregava as conchas mais belas
Tesouros de barcos e velas
Que o tempo não deixou voltar
Quem já conseguiu dominar o amor?
Por que é que o mar não se apaixona por uma lagoa
Porque a gente nunca sabe de quem vai gostar
Ana e o mar... mar e Ana
Historias que nos contam na cama
Antes da gente dormir
Ana e o mar... mar e Ana
Todo sopro que apaga uma chama
Reacende o que for pra ficar
Quando Ana entra n'água
O sorriso da ma-drugada
se estende pro resto do mundo
abençoando ondas cada vez mais altas
barcos com suas rotas e as conchas que vem avisar
desse novo amor... Ana e o mar
..."mais uma dose, é claro que eu tô afim"...
SONETO ANTIGO. Responder a perguntas não respondo. Perguntas impossíveis não pergunto. Só do que sei de mim aos outros conto:de mim, atravessada pelo mundo. Toda a minha experiência, o meu estudo,sou eu mesma que, em solidão paciente,recolho do que em mim observo e escutomuda lição, que ninguém mais entende. O que sou vale mais do que o meu canto. Apenas em linguagem vou dizendocaminhos invisíveis por onde ando. Tudo é secreto e de remoto exemplo. Todos ouvimos, longe, o apelo do Anjo. E todos somos pura flor de vento.
...overdose de Cecília Meireles...
É preciso não esquecer nada:
nem a torneira aberta nem o fogo aceso,
nem o sorriso para os infelizes
nem a oração de cada instante.
É preciso não esquecer de ver a nova borboleta
nem o céu de sempre.
O que é preciso é esquecer o nosso rosto,
o nosso nome, o som da nossa voz, o ritmo do nosso pulso.
O que é preciso esquecer é o dia carregado de atos, a idéia de recompensa e de glória.
O que é preciso é ser como se já não fôssemos,
vigiados pelos próprios olhos
severos conosco, pois o resto não nos pertence.
Qual é a linguagem do amor?!?
Enfim, poderia resumir questões como essas numa única pergunta: “qual é a linguagem do amor”?E eu diria que a linguagem do amor é a mais simples e, ao mesmo tempo, a mais complexa que pode existir... porque é a linguagem do coração! Mas cairia, inevitavelmente, num abismo, tão profundo e surpreendente que todas as nossas perguntas encontrariam-se novamente sem respostas prontas, óbvias ou fáceis de serem obtidas!
E isso aconteceria porque o coração de uma pessoa é o que ela tem de mais precioso e, ao mesmo tempo, mais distante... Tal qual um tesouro que Deus nos deu, mas com uma condição: para que possamos usufruir dessa riqueza, muito teremos de nos dedicar e de nos empenhar para desbravar o caminho do coração...
Portanto, diante de questões como as que citei acima, eu começaria dizendo que precisamos ir “por partes”! Primeiro, conseguindo entender e enxergar que nesse caminho até o coração (onde estão as nossas respostas), vamos colocando muitos obstáculos, milhares dele, sem nos darmos conta...
É como se eu dissesse que nossa mente cria, até como forma de se defender daquilo que não conhece muito bem, alguns “inimigos” para o coração, como o orgulho, a vaidade e o egoísmo. Esses inimigos agem em nossa mente, criando situações e nos fazendo imaginar pelo outro, tirando conclusões precipitadas e renegando os nossos sentimentos mais genuínos e puros.
Deixamo-nos contaminar por esses “inimigos”, tomamos atitudes mascaradas e, por fim, nos sentimos absolutamente insatisfeitos e tristes. Obviamente, na maioria das vezes, não percebemos que estamos permitindo essa contaminação... Pelo contrário, consideramos nossos sentimentos contaminados como legítimos e perdemos a essência, o contato com a fonte: o coração!
Devo admitir que diferenciar uma voz da outra é uma tarefa extremamente difícil e requer trabalho para toda a nossa existência. Confundimos essas vozes freqüentemente e fazemos isso porque o coração exige todo o nosso potencial, toda a nossa inteligência, tanto a mental quanto a espiritual e a emocional.
O coração conhece nossa verdadeira força e não aceita menos do que podemos, enquanto a vaidade e a tendência a racionalizar nos satisfazem com atitudes imediatistas, tomadas de emoções equivocadas e parciais, senão injustas e distorcidas.
A vaidade não nos deixa ver o essencial; o orgulho nos revela apenas sentimentos mesquinhos, pequenos e que não nos fazem felizes em hipótese alguma. Traz-nos apenas uma sensação de satisfação momentânea, mas logo depois nos remete ao vazio e à estagnação.
No entanto, quando conseguimos ouvir a voz do coração, sabemos que nossa felicidade não está no que nos fazem ou nos dizem. Está em nossas próprias atitudes, em nossos próprios sentimentos e em nossas próprias intenções.
Certamente escrever tudo isso é infinitamente mais fácil do que praticar, mas é uma questão de consciência, de treino. Como disse anteriormente, conseguir ouvir o coração é tarefa para toda nossa existência e errar hoje não anula nossa chance de acertar amanhã (e vice-versa). Todos nós sentimos raiva, nos deixamos ofender e magoar e isso é absolutamente humano e compreensível.
Talvez, ao ler esse artigo, você fique com a impressão de que não sabe ouvir o seu coração, mas a verdade é que todos nós sabemos e, ao mesmo tempo, não sabemos. Isto é, o coração sempre fala, mas o orgulho também sempre fala. Nós é que vamos, aos poucos, ajustando o som de um e de outro, até que consigamos deixar que o coração fale mais alto.
E isso não significa ser bobo, correr pros braços de quem já não nos quer ou insistir num relacionamento que já acabou... Mas significa parar de tentar encaixar nossas atitudes em regras, como se o amor fosse um jogo, onde um deve ganhar e o outro, perder!
O amor é o mais nobre sentimento que pode existir... E é nesse sentimento, que existe dentro do nosso coração, que devemos nos basear para fazer nossas escolhas, seja para tentar ou para desistir, seja para falar ou calar, mas sempre, sempre nos baseando no que realmente sentimos e não no que queremos fazer com que o outro sinta!”
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Trabalho contra os caretas do mundo, contra o torpor, a imprecação, contra a arapuca que nos foi armada e durante séculos vivemos conformados, presos nela comendo o alpiste que nos dão. E o pior é que os que prepararam a arapuca também caíram nela, comem do mesmo alpiste e não sabem disso.
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Trabalho para sair da arapuca com todos os que estão querendo ser pássaros livres outra vez. Os que estão cegos ficarão soterrados dentro dela quando ela desabar.
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Sou um pacifista, a mando de forças exteriores.
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Pensando que estão por cima, os imbecis vivem dentro do mesmo esquema: a neurose, a preocupação criminosa e doentia de manter-nos a todos dentro da armadilha. Mas é preciso sair dela de qualquer maneira, é a única salvação ou seremos eternos pássaros tristes, presos numa arapuca com alpiste racionado. Eu quero ver o mundo do cume alto de uma montanha!!!"
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Raul Seixas
Quinta-feira
O homem transbordante
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Por que as pessoas tem tanto medo de amar?!?
Aprendemos, desde muito cedo, que o sofrimento chega quando estamos expostos, vulneráveis, abertos para o outro... e isso é verdade! E,assim, acreditamos que só há uma maneira de não sofrermos: nos fechando, nos defendendo, nos protegendo do outro... e isso é mentira! Simplesmente porque não existe nenhuma maneira de não sofrermos!
Proteger-nos do outro é não demonstrar o que sentimos, o quanto amamos; é não compartilhar, não "precisar" (no sentido de admitir que desejamos intimidade com o outro). No entanto, não nos damos conta de que enquanto nos protegemos, tornamo-nos reféns de nós mesmos, transformamos nosso próprio coração numa prisão. Iludidos com a
sensação de uma segurança que definitivamente não existe, abrimos mão da possibilidade de experimentarmos sentimentos imperdíveis!
Podemos perceber que estamos nos defendendo do amor quando usamos expressões como: "eu gostaria que ele me desse mais carinho, mas não tenho que pedir isso"! ou "se ele não demonstra que me ama, por que eu deveria fazer isso"?
O problema é quando norteamos nossa vida a partir do outro: "se ele não fizer isso, eu também não faço", "se ele não disser, eu também não digo", "se ele não demonstrar, eu também não demonstro"! Poxa! Que raio de contabilidade miserável é essa?!? O amor não funciona desse jeito e, assim, continuaremos todos morrendo de solidão, carência, angústia e depressão!!!
Que tal começarmos a agir por nossa própria conta e risco! Sim, amar é um risco, um enorme risco, mas que não inclui apenas o sofrimento. Neste pacote também está incluso o risco (absolutamente provável) de sermos correspondidos, amados, respeitados, queridos e tudo o mais que possa haver de bom no exercício de compartilhar amor!!!
E aí as pessoas vêm com essa: "mas eu não estarei me desrespeitando se pedir amor, se der mais do que receber, se me expor a esse ponto?"... E eu respondo com outra pergunta: O que é se desrespeitar?! Para mim, desrespeitar-se é fazer algo que você não gostaria de estar fazendo ou, ao contrário, é não fazer algo que você gostaria de estar fazendo.
Portanto, a pergunta mais importante é: o que você quer fazer? Compartilhar seu amor, dar carinho, pedir carinho, demonstrar o que sente, falar sobre seus sentimentos? Então, faça isso!!! Não desperdice sua vida à espera da "permissão" do outro. Não meça a sua capacidade de amar e de se expor e de se tornar vulnerável a partir do outro. Assuma-se, admita-se e, sobretudo, acolha-se!
Vá se percebendo, abrindo-se aos pouquinhos, pedindo devagarzinho... porque assim fica mais fácil reconhecer e respeitar seu limite. E entenda por limite a "linha" que separa o seu desejo da sua verdadeira percepção de que já se deu o quanto gostaria de se dar. Porque, obviamente, não estou defendendo a idéia de que você passe a vida inteira se doando para alguém que não tem espaço para te receber. No
momento em que sentir que atingiu seu limite, aja com amor-próprio e recolha-se, para se dar a chance de compartilhar o seu amor com alguém que tem espaço para isso.
Enfim, minha sugestão é que paremos, de uma vez por todas, de justificar nossas atitudes (ou não-atitudes) a partir do outro. Que possamos assumir, pelo menos para nós mesmos e se for o caso, que temos medo de sofrer e, por isso, preferimos não nos expor, não pedir, não demonstrar, não expressar e, tantas vezes, não amar...
Porque quando conseguirmos reconhecer esse medo, certamente nos tornaremos mais dispostos e disponíveis para o amor. Teremos compreendido, finalmente, que não-sofrer é impossível. Sofrer faz parte do processo de viver, é inevitável. Mas não-amar talvez esteja sendo uma escolha ingênua e infantil, infelizmente feita por muito
mais pessoas do que supomos.
A dica é: não desperdice sua energia e seu tempo evitando a dor. Não seja refém de seus medos. Apenas aceite-os e lembre-se de que cada um tem os seus; todos temos! Aproveite sua vida amando tanto quanto desejar, tanto quanto sentir... e tenha a certeza de que nunca será "menos" por isso. Muito pelo contrário, estará conseguindo ser o que todos nós desejamos: corajosamente amante!
Quando Eu (Mel) me permiti Amar de Verdade, descobri minha força e me tornei muito, muito mais Feliz! Vale a pena. Sempre! mesmo que acabe...
* Texto de Rosana Braga
Ninguém Ama impunemente...[ pra você, um outro grande amigo]
Sentimentos e razão sempre entram em conflito, mas aprendi que primeiro tenho que ser fiel ao coração, não me prender ao medo ou a vergonha, expor da melhor maneira possível tudo o sinto, desejo, e principalmente aquilo que não almejo.
É preciso ser leal a si mesmo.
Tudo muda o tempo todo. Afinal, a vida é um jogo com vários rounds.
Todos temos direito de ora querer algo, ora não. Porém o limite é nosso próximo.
Até porque não acredito que hoje amamos alguém e amanhã já não. O Amor não é um doce que eu enjôo e ponho na geladeira... e depois, numa bela tarde, me lembro dele, lá guardadinho e resolvo que vou saboreá-lo.
O Amor é transmutável, o ego é incosntante.
O Amor Verdadeiro por alguém nunca se esvai. Nós mudamos a postura, amadurecemos e ele continua lá, mas com outra forma, outra vestimenta... que pode ser carinho, cuidado, querer bem, amizade.
Ah, o ego. Esse é o vilão. Aquele que vive de status e capricho.
Precisamos saber quem somos, qual base que nos sustenta, o que realmente se deseja. Partindo deste princípio, reconheceremos o que não queremos e o que tememos.
Porém o quanto queremos é quem determina como agimos.
Ser leal a si mesmo é isso. É Amor próprio. Sentimento que te faz avançar, saltar de penhascos, correr quilômetros, seja lá onde se quer chegar.
O local deixa de ser o personagem principal, mas a busca é quem traz saciedade, satisfação. A felicidade baseia-se nisso. Não esta no outro nem em algo. Esta em você. Na forma como conduz seus atos.
Talvez nunca se atinja o alvo, mas nosso Eu já terá motivos suficientes para nos fazer mais fortes, mais capazes, mais predispostos e certamente mais Feliz!
A ferramenta da vida é o Amor. A chave mestra o Amor- próprio. O tempo espectador.
Cabe a nós fazer o espetáculo, mas antes decida: quer um drama ou conto de fadas?
...
Quando decidir qual a ‘peça’ que mais lhe agrada, conte comigo pra ajudar na montagem do palco, ok?
Quero te ver Feliz!
Noite de Reis [ pra você ]
Gosto de chinelos, apesar de preferir ficar descalça.
Gosto de maçãs.
Gosto muito mais de maçãs com mel.
Gosto de Papai Noel e Santos Reis...
Porque este ano eu não deixei meus sapatos na janela, mas ao acordar Ele me enviou você...
*
*
*
'Há ainda gotas de mel,' o tom, o som, a cor.'Nesse universo. A espalhar a candura permeada pela beleza da alma humana.' Contidamente. Sempre. Juntos.
Lembranças
Mas havia um segredo! Toda época de páscoa lembro-me como se fosse hoje aos 4.3 anos, o pequeno corredor que interligava a sala até a porta de entrada do pequeno apartamento, número 54, iluminado por uma leve luz prateada que na verdade era um reflexo da lua que vinha de fora por uma janela que vivia entreaberta.
Seguindo até a porta na época da páscoa, tentava eu pegar de surpresa o coelho de páscoa que acreditava eu ir ali levar os ovos e deixar nos sapatos que minha mãe com delicadeza lá colocava. Nunca conseguí. Mas ao acordar e chegando lá, os ovos de páscoa estavam levemente colocados nos sapatos pelo coelhinho que já não mais ali estava.
Minha mãe rindo chegava e fazia-se de boba e entrava na onda comigo.
E nesse mês de outubro ela disse-me: - Tomtom, onde vou encontrar o coelho de páscoa em pleno mês de outubro? Eu não queria saber. Queria o meu ovo de páscoa (cinco anos).
Enfim. Como estamos no Brasil.. Rs..
Ao acordar fui até a porta.
O que lá encontrei?
Fiquei meio chateado, mas contente porque compreendi que ele o Coelhinho devia estar muito ocupado fazendo os ovos.
Então aceitei na boa o que tinha no chinelo, nem sapato ele colocou.
"lindas maçãs" dentro de chinelos.
Engraçado que reconheci aqueles chinelos e fiquei encafifado. Imagine um menino de 5 anos encafifado.
Depois fiquei falando uma semana inteira que ele não me deixou na mão.
Então?
O que está esperando? Aprenda que a paciência por vezes é a tua guarida garantida para que você faça de sua vida uma vida melhor. E aprenda a gostar não somente de ovos de páscoa. Mas cultivar as maçãs tão belas na tua vida que muitas vezes você não vê.
Interessante que nunca mais fiz isso depois de adulto, óbvio, mas fiz isso ao acessar um email, procurando maçãs. Encontrei mel. E assim compreendo que no mel da vida a gente nota que vale a pena o caminho que por vezes seguimos, com as responsabilidades que temos com o melhor de nós.
E o melhor de nós. É aquilo que não vemos. Mas que os outros enxergam. "
*** Esta postagem, um grande amigo fez pra mim. E é um dos mais lindos presentes que recebi e que guardarei para sempre! Obrigada!!!
Universos Paralelos !!: Virtude de mim
Um pedaço de mim ficou..
Um tempo de mim partiu..
Um sonho de mim.. não houve..
Um descuido de mim.. caiu..
Um deserto em mim.. se foi..
Um silêncio de mim.. sentí..
O triste de mim saiu..
E assim são nos laços que criamos com as pessoas que aprendemos que haverão momentos de chegadas e de despedidas..
Assim como as vozes dos que amamos na terra.. ou daqueles que já partiram..
E assim faz-se um ruído.. e assim faz-se o tempo..
Momento..
Sai de mim o egoísmo que destrói.. a mentira que abandona.. a fantasia que engana..
Sai de mim pensamentos medíocres e que preocupam-se só consigo mesmos..
Vai de mim.. para longe de mim.. mentiras sinceras..
Pré-julgamentos vazios..
E assim posso saber que cheguei em uma esfera de lucidez, e que o aconchego mesmo que simples.. é aquele que faz sair virtude de mim.
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A Felicidade é tão simples..
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Uma das qualidades mais marcantes e que admiro é a sinceridade, optei por jogar limpo sempre com as pessoas independente da situação."
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'não resisti e peguei emprestado'...
Universos Paralelos !!: Virtude de mim
Indra, o Rei dos deuses
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"O Eu, que é livre de impurezas, da velhice e da morte, da dor, da fome e da sede, que só deseja o que deve desejar, e resolve apenas o que deve resolver, deve ser procurado, investigado e deve ser percebido. Aquele que aprende a respeito do Eu e o percebe obtém todos os mundos e tudo o que deseja." Tanto os deuses como os demônios ouviram falar dessa verdade e pensaram consigo mesmo: "Vamos procurar esse Eu e percebê-lo, de forma que possamos obter todos os mundos e tudo o que desejamos."
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Assim, Indra, da parte dos deuses, e Virochana, da parte dos demônios, foram até Prajapati, o famoso mestre. Durante trinta e dois anos moraram com ele como alunos. Prajapati, então, perguntou-lhes por que haviam morado com ele por tanto tempo. "Ouvimos dizer", replicaram, "que aquele que percebe o Eu obtém todos os mundos e tudo o que deseja. Moramos aqui porque queremos aprender a respeito desse Eu."
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Prajapati disse então: "Aquele que é visto dentro do olho, aquele é o Eu. Ele é imortal, sem medo, e ele é Brahman." "Senhor", perguntaram os discípulos, "o Eu é que é visto refletido na água, ou num espelho?"
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"O Eu é realmente visto refletido nessas coisas", foi a resposta. Prajapati acrescentou: "Olhai para vós mesmos refletidos na água e, seja o que for que não compreendais, vinde e contai-me a respeito."
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Indra e Virochana olharam para seus reflexos na água e, voltando ao sábio, disseram: "Senhor, vimos o Eu; vimos o cabelo e as unhas." Prajapati pediu-lhes então que vestissem suas melhores roupas e olhassem mais uma vez dentro da água. Eles assim fizeram e, voltando ao sábio, disseram: "Vimos o Eu, exatamente como nós, bem adornados e nas nossas melhores roupas."
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Prajapati assim replicou: "O Eu é de fato visto assim. O Eu é imortal e sem medo, e é Brahman." E os discípulos se afastaram bastante satisfeitos. Porém Prajapati, acompanhando-os com o olhar, lamentou-se assim: "Ambos partiram sem analisar ou exercer o discernimento, e sem verdadeiramente compreender o Eu. Quem quer que siga uma doutrina falsa do Eu perecerá."
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Então, Virochana, de sua parte persuadido de que havia encontrado o Eu, voltou aos demônios e começou a ensinar-lhes que somente o corpo deve ser servido, e que aquele que adora o corpo e serve ao corpo obtém ambos os mundos, este e o próximo. Tal doutrina é, realmente, a doutrina dos demônios!
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Porém Indra, no seu caminho de volta para junto dos deuses, percebeu a inutilidade desse conhecimento. "Assim como esse Eu", raciocinou ele, "parece estar bem adornado quando o corpo está bem adornado, bem vestido quando o corpo está bem vestido, ele estará então cego quando o corpo estiver cego, aleijado quando o corpo estiver aleijado, deformado quando o corpo estiver deformado. Quando o corpo morrer, esse mesmo Eu também morrerá! Não consigo ver qualquer bem nesse conhecimento."
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Dessa forma, voltou a Prajapati e pediu-lhe mais instruções. Prajapati solicitou-lhe que morasse com ele por outros trinta e dois anos, depois dos quais lhe ensinou isto: "Aquele que se move nos sonhos, gozando delícias sensuais e vestido com glória, esse é o Eu! Ele é imortal, sem medo, e ele é Brahman."
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Satisfeito com o que havia ouvido, Indra partiu mais uma vez. Porém, antes de alcançar os outros deuses, percebeu também a inutilidade desse conhecimento. "É verdade", disse ele para si mesmo, "que esse Eu não fica cego quando o corpo fica cego, nem aleijado ou ferido quando o corpo está aleijado ou ferido. Porém, mesmo nos sonhos ele é consciente de muitos sofrimentos. Assim, também nessa doutrina não posso ver nenhum bem." Desse modo, voltou a Prajapati para mais instruç5es. Prajapati ordenou-lhe então que ficasse com ele por outros trinta e dois anos e, após esse tempo, ensinou-lhe, dizendo: "Quando um homem está profundamente adormecido, livre de sonhos, e num perfeito descanso - isso é o Eu. O Eu é imortal e sem medo, e ele é Brahman."
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Indra foi-se embora. Porém, antes de chegar em casa, percebeu a inutilidade até desse ensinamento. "Na realidade", pensou ele, "uma pessoa não se conhece como isso ou aquilo enquanto está dormindo. A pessoa não está consciente, de fato, de qualquer existência. O estado de alguém em sono profundo é próximo do aniquilamento. Não posso ver tampouco bem algum nesse conhecimento."
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Assim, mais uma vez, Indra voltou a Prajapati, que o fez ficar com ele ainda por cinco anos e, após esse tempo, tornou conhecida dele a mais elevada verdade do Eu, dizendo: "Este corpo é mortal, sempre agarrado pela morte, porém dentro dele reside o Eu imortal. Esse Eu, quando associado, na nossa consciência, com o corpo, está sujeito ao prazer e à dor; e, enquanto essa associação perdura, a liberdade com relação ao prazer e à dor não pode ser encontrada por homem algum. Porém, quando essa associação cessa, também cessam o prazer e a dor."
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"Erguendo-se acima da consciência física, sabendo que o Eu é distinto dos sentidos e da mente - conhecendo-o na sua verdadeira luz - a pessoa se rejubila e é livre." Os deuses, os seres luminosos, meditam a respeito do Eu e, ao fazê-lo, obtêm todos os mundos e tudo o que desejam. Do mesmo modo, qualquer um entre os mortais que conheça o Eu, medite sobre ele, e o perceba - ele também obterá todos os mundos e tudo o que deseja
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Indra, o Rei dos deuses (texto II) Certa vez, Indra, passeava pela terra, quando viu alguns porcos, pensando consigo mesmo, como os animais podem viver a suas vidas felizes com o que são, sem o entendimento e a compreensão das coisas. Ficando curioso a este respeito, encarnou em um dos porquinhos que estava nacendo.
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Como porco, Indra cresceu e teve uma porca como companheira e tiveram muitos porquinhos, sendo muito felizes. Então alguns deuses viram-no nesse estado e, indo a ele, disseram: "Sois o rei dos deuses, tendo todos os deuses às suas ordens. Por que estais assim?" Indra respondeu: "Não se preocupem, estou bem neste estado; não me preocupo com o céu, enquanto tenho esta porca e estes porquinhos." Os pobres deuses ficaram sem saber o que fazer.
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Passado algum tempo, a porca de Indra morreu e assim um a um de seus filhotes porquinhos. Indra pôs-se então a chorar e a lamentar-se com a perda e o sofrimento. Os deuses vendo Indra naquele estado, libertaram seu espírito do corpo do porco. Indra então voltou a si e ficou feliz por libertar-se daquela experiência como porco, na qual achava que a vida de porco era a única vida.
Só que, como de hábito, na cabeça (como que separada do mundo, movida por interiores taquicardias, adrenalinas, metabolismos) se passava uma coisa, e naquele ponto em que isso cruzava com o de fora, esse lugar onde habitamos outros, começava a região do incompreensível: Lá, onde qualquer delicadeza premeditada poderia soar estúpida como um seco: não. E soou, em plena mesa posta.
Tanto pasmo, depois. Sozinho no apartamento, domingo à noite. Todas as coisas quietas e limpas, o perfume adocicado das madressilvas roubadas e o bolo de chocolate intocado no refrigerador — até a televisão falar da explosão nuclear subterrânea. Então a suspeita bruta: não suportamos aquilo ou aqueles que poderiam nos tornar mais felizes e menos sós. Afirmou, depois acendeu o cigarro, reformulou, repetiu, acrescentou esta interrogação: não suportamos mesmo aquilo ou aqueles que poderiam nos tornar mais felizes e menos sós? Não, não suportamos essa doçura..
Puro cérebro sem dor perdido nos labirintos daquilo que tinha acabado de acontecer. Dor branca, querendo primeiro compreender, antes de doer abolerada, a dor. Doeria mais tarde, quem sabe, de maneira insensata e ilusória como doem as perdas para sempre perdidas, e portanto irremediáveis, transformadas em memórias iguais pequenos paraísos-perdidos. Que talvez, pensava agora, nem tivessem sido tão paradisíacos assim.
Porque havia o sufocamento daquela espécie de patético simulacro de fantasia matrimonial provisória, a dificuldade de manter um clima feito linha esticada, segura para não arrebentar de súbito, precipitando o equilibrista no vazio mortal. Cheio de carinho, remexeu no doce, sem empurrar o prato. Preferia a fome: só isso. Pelo longo vício da própria fome — e seria um erro, porque saciar a fome poderia trazer, digamos, mais conforto? — ou de pura preguiça de ter que reformular-se inteiro para enfrentar o que chamam de amor, e de repente não tinha gosto?
De onde vem essa iluminação que chamam de amor, e logo depois se contorce, se enleia, se turva toda e ofusca e apaga e acende feito um fio de contato defeituoso, sem nunca voltar àquela primeira iluminação? Espera, vamos conversar, sugeriu sem muito empenho. Tarde demais, porta fechada. Sozinho enfim, podia remexer em discos e livros para decidir sem nenhuma preocupação de harmonia-com-o-gosto-alheio que sempre preferira um Morrison a Manuel Bandeira. Sid Vicious a Puccini. A mosca a Uma janela para o amor, sempre uma vodca a um copo de leite: metal drástico. Era desses caras de barba por fazer que sempre escolherão o risco, o perigo, a insensatez, a insegurança, o precário, a maldição, a noite — a Fome maiúscula. Não a mesa posta e farta, com pratos e panelas a serem lavados na pia cheia de graxa — mas um hambúrguer qualquer para você que escrevo. Mas os escritores são muito cruéis, você me ama pelo que me mata com coca-cola no boteco da esquina, e a vida acontecendo em volta, escrota e nua.
Não muito confuso, assim confrontado com sua explícita incapacidade de lidar com. A palavra não vinha. Podia fazer mil coisas a seguir. Mas dentro de qualquer ação, dentes arreganhados, restaria aquela sua profunda incapacidade de lidar com. Um instante antes de bater outra, colocar uma velha Billie Holiday e sentar na máquina para escrever, ainda pensou: gosto tanto de você, baby. Só que os escritores são seres muito cruéis, estão sempre matando a vida à procura de histórias. Você me ama pelo que me mata. E se apunhalo é porque é para você, para você que escrevo — e não entende nada.”
Caio Fernando Abreu
Mulheres que correm como Lobos, ou melhor homens...
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Você entra em um bar e, de repente, seus olhos são estranhamente arrastados para alguém. A atração é imediata e mútua. Vocês conversam, riem, se olham, as mãos se esbarram levemente.
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Durante a semana trocam telefonemas, e-mails, passam horas conversando no MSN. Você visita o perfil dele no Orkut diversas vezes por dia, só para olhar aquele sorriso maroto e matar um pouquinho a saudade daquele que está mexendo tanto com a sua vida.
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A atração aumenta, a vontade de ver e estar perto também. Vocês vão ao cinema, saem para jantar, dormem juntos, ou melhor, passam várias noites em claro juntos e, sem perceber, você solta uma palavra que o faz levantar e sair correndo, sem olhar para trás.
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A palavra? Relacionamento.
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Só então você vê que estava diante de um homem que sofre da "Síndrome do Tênis de Corrida".
O homem que sofre desta síndrome está sempre preparado para correr léguas de quem ousar querer fazê-lo se envolver profundamente. É como se ele estivesse constantemente de jogging e tênis de corrida, só esperando o tiro de largada.
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Ao se deparar com esta espécime, você tem duas opções a escolher: correr junto com ele mas em sentido contrário ou correr atrás dele e, altruisticamente, tentar mostrar que é possível se relacionar, se envolver e se entregar e que, embora a possibilidade de dor seja real e plausível, esta certamente não irá matá-lo.
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Sejamos realistas: nenhum relacionamento está acima da dor. Todas nós sabemos (confesso que passamos a ver isso com mais clareza quando estamos mais maduras) que corremos riscos ao encarar uma relação, mas o que normalmente prevalece é o desejo de apostar todas as fichas e acreditar que este pode ser o homem da sua vida. Como sabê-lo se não fazê-lo?
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Há porém muitos que, talvez por traumas anteriores, não se permitem ultrapassar um ponto que ele definiu como o "limite de segurança", um ponto até onde ele tem o controle dos seus sentimentos e que pode (assim ele acredita) sair sem se machucar.
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Eu pergunto: será mesmo que, ao não conseguir se entregar, ele está deixando de sofrer?
Ou será que é apenas uma opção por uma dor menor? Uma dor da qual é possível sobreviver sem maiores danos?
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Alguns desses homens que correm como lobos da possibilidade de se entregar em uma relação são inalcançáveis. Eles desenvolveram uma capacidade supersônica de fugir tão precisa, que nada é capaz de detê-los. Não se frustre caso você se envolva com um deles.
A eles somente lhes resta o tempo. O tempo irá mostrar como estar só é infinitamente mais dolorido que não se entregar.
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Saiba perceber os que ainda podem se deixar envolver e que tem o potencial para tirar o tênis de corrida e colocar uma Havaiana ao seu lado. Que vão deitar na rede da sua varanda e relaxar, prontos para correrem sim, mas ao encontro do seu amor.
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* Título livremente adaptado de "Mulheres que correm com lobos" da escritora Clarissa Pinkola Estes - por Nina Lopes
Receita de Ano Novo
"Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre. "
"Olha, eu estou te escrevendo só pra dizer que se você tivesse telefonado hoje eu ia dizer tanta, mas tanta coisa. ... todos me dizem que sou demais precipitado, que coloco em palavras todo o meu processo mental (processo mental: é exatamente assim que eles dizem, e eu acho engraçado) e que isso assusta as pessoas, e que é preciso disfarçar, jogar, esconder, mentir.
Eu não queria que fosse assim.
Eu queria que tudo fosse muito mais limpo e muito mais claro, mas eles não me deixam, você não me deixa"
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“Então eu te disse que o que me doíam essas esperas, esses chamados que não vinham e quando vinham sempre e nunca traziam nem a palavra e às vezes nem a pessoa exatas. E que eu me recriminava por estar sempre esperando que nada fosse como eu esperava, ainda que soubesse.”
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"Então me vens e me chega e me invades e me tomas e me pedes e me perdes e te derramas sobre mim com teus olhos sempre fugitivos e abres a boca para libertar novas histórias e outra vez me completo assim, sem urgências, e me concentro inteiro nas coisas que me contas, e assim calado, e assim submisso, te mastigo dentro de mim enquanto me apunhalas com lenta delicadeza deixando claro em cada promessa que jamais será cumprida, que nada devo esperar além dessa máscara colorida, que me queres assim porque assim que és..."
*** “Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra.”
Caio Fernando Abreu
“Em todas as almas há coisas secretas cujo segredo é guardado até à morte delas. E são guardadas, mesmo nos momentos mais sinceros, quando nos abismos nos expomos, todos doloridos, num lance de angústia, em face dos amigos mais queridos - porque as palavras que as poderiam traduzir seriam ridículas, mesquinhas, incompreensíveis ao mais perspicaz. Estas coisas são materialmente impossíveis de serem ditas. A própria Natureza as encerrou - não permitindo que a garganta humana pudesse arranjar sons para as exprimir - apenas sons para as caricaturar. E como essas ideias-entranha são as coisas que mais estimamos, falta-nos sempre a coragem de as caricaturar. Daqui os «isolados» que todos nós, os homens, somos. Duas almas que se compreendam inteiramente, que se conheçam, que saibam mutuamente tudo quanto nelas vive - não existem. Nem poderiam existir. No dia em que se compreendessem totalmente - ó ideal dos amorosos! - eu tenho a certeza que se fundiriam numa só. E os corpos morreriam.”...Mário de Sá-Carneiro, in 'Cartas a Fernando Pessoa'
A flor-de-lótus (Nelumbo nucifera), também conhecida como lótus-egípcio, lótus-sagrado e lótus-da-índia, é uma planta da família das ninfáceas (mesma família da vitória-régia) nativa do sudeste da Ásia (Japão, Filipinas e Índia, principalmente).Olhada com respeito e veneração pelos povos orientais, ela é freqüentemente associada a Buda, por representar a pureza emergindo imaculada de águas lodosas. No Japão, por exemplo, esta flor é tão admirada que, quando chega a primavera, o povo costuma ir aos lagos para ver o botão se transformando em flor.
Lótus é o símbolo da expansão espiritual, do sagrado, do puro. A lenda budista nos relata que quando Siddhartha, que mais tarde se tornaria o Buda, tocou o solo e fez seus primeiros sete passos, sete flores de lótus cresceram. Assim, cada passo do Bodhisattva é um ato de expansão espiritual. Os Budas em meditação são representados sentados sobre flores de lótus, e a expansão da visão espiritual na meditação (dhyana) está simbolizada pelas flores de lótus completamente abertas, cujos centros e pétalas suportam imagens, atributos ou mantras de vários Budas e Boddhisattvas, de acordo com sua posição relativa e relação mútua. Do mesmo modo, os centros da consciência no corpo humano (chacras) estão representados como flores de lótus, cujas cores correspondem ao seu caráter individual, enquanto o número de suas pétalas corresponde às suas funções. O significado original deste simbolismo pode ser visto pela semelhança seguinte: Tal como a flor do lótus cresce da escuridão do lodo para a superfície da água, abrindo sua flores somente após ter-se erguido além da superfície, ficando imaculada de ambos, terra e água, que a nutriram - do mesmo modo a mente, nascida no corpo humano, expande suas verdadeiras qualidades (pétalas) após ter-se erguido dos fluidos turvos da paixão e da ignorância, e transforma o poder tenebroso da profundidade no puro néctar radiante da consciência Iluminada (bidhicitta), a incomparável jóia (mani) na flor de lótus (padma). Assim, o arahant (santo) cresce além deste mundo e o ultrapassa. Apesar de suas raízes estarem na profundidade sombria deste mundo, sua cabeça está erguida na totalidade da luz. Ele é a síntese viva do mais profundo e do mais elevado, da escuridão e da luz, do material e do imaterial, das limitações da individualidade e da universalidade ilimitada, do formado e do sem forma, do Samsara e do Nirvana. Se o impulso para a luz não estivesse adormecido na semente profundamente escondida na escuridão da terra, o lótus não poderia se voltar em direção à luz. Se o impulso para uma maior consciência e conhecimento não estivesse adormecido mesmo no estado da mais profunda ignorância, nem mesmo num estado de completa inconsciência um Iluminado nunca poderia se erguer da escuridão do Samsara. A semente da Iluminação está sempre presente no mundo, e do mesmo modo como os Budas surgiram nos ciclos passados do mundo, também os Iluminados surgem no presente ciclo e poderão surgir em futuros ciclos, enquanto houver condições adequadas para vida orgânica e consciente. ॐ
Parangolé
E na casa da árvore...
"Em pouco tempo não serás mais o que és..." O mundo é um moinho
Caio Fernando Abreu